O prontuário eletrônico do paciente (PEP) é realidade, mas ele está disponível em tempo real a seus profissionais de saúde?
Por: Dorival Souza
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O prontuário eletrônico do paciente (PEP) é realidade, mas ele está disponível em tempo real a seus profissionais de saúde?
Se a resposta for não, você precisa garantir mobilidade ao prontuário eletrônico e aos processos em seu hospital, clínica ou laboratório.
Mas antes de falarmos com mais detalhes de Mobilidade Clínica, é importante destacar os desafios que a área de saúde enfrenta.
Acredite! As instituições de saúde são as que têm os maiores desafios, aliás não só hoje, como já há algum tempo.
Produtividade, mas com redução de custos, humanização do atendimento ao paciente, e como se não bastasse, a pandemia trouxe a necessidade de adaptações rápidas ao momento.
Em suma, o maior desafio é a digitalização dos processos e sistemas na saúde. Saúde Digital e Prontuário Eletrônico, são expressões cada vez mais vigentes nos planejamentos de hospitais, clínicas e laboratórios.
A chave é o uso da tecnologia no gerenciamento e o grau desse uso na instituição de saúde. Tão grande é o desafio, que a certificação da Health Information and Management Systems Society (HIMSS) é uma necessidade emergente nesse cenário.
Certificação HIMSS
A certificação HIMSS mostra ao ecossistema de saúde o quanto uma instituição está avançada em relação à inovação e digitalização de seus processos. Exatamente por isso, é uma das mais difíceis de serem obtidas. Possui oito níveis, em estágios de 0 a 7, sendo que a instituição apenas pode realizar a divulgação deles – conhecidos como Electronic Medical Record Adoption Model (EMRAM) –, a partir do estágio 6. Mas, para chegar ao último patamar, o estágio 7, é preciso ser um hospital totalmente digital, ou seja, sem papel. Até o estágio 5, o procedimento pode ser feito online por meio de questionário, mas a partir do sexto, o hospital passa a receber visitas de auditores. Conheça logo abaixo os sete estágios.
Estágio 0: o local não possui nenhum sistema; |
Estágio 1: a instituição conta com sistema para laboratórios, radiologia e farmácia, além de disponibilizar resultados de exames online; |
Estágio 2: há um sistema de integração de informações. Os dados estão centralizados em uma plataforma com processos padronizados que permitem compartilhamento entre diferentes áreas clínicas; |
Estágio 3: a instituição conta com o prontuário eletrônico do paciente (PEP), versão digital do prontuário de papel, que tem diferenciais como solicitação de exames, anamnese personalizável e segurança; |
Estágio 4: além dos requisitos acima, o sistema também tem prescrição eletrônica e solicitação de exames e procedimentos; |
Estágio 5: o sistema permite o arquivamento de imagens e documentos (RIS/PACS), o que substitui fichas de papel e filmes radiográficos pelas imagens digitais; |
Estágio 6: a instituição tem um sistema completo de suporte à decisão clínica, ou seja, uma plataforma completa para o atendimento dos pacientes e gestão do local; |
Estágio 7: os dados coletados pelo sistema são usados na gestão da instituição, logo, as tomadas de decisão são feitas com base em informações (BI). |
A importância do prontuário eletrônico do paciente (PEP)
Repare que no estágio 3, é obrigatório que a instituição tenha um prontuário eletrônico. Ao avançar para os próximos estágios, é necessário um sistema completo com outras ferramentas, como prescrição e gestão clínica.
Na rotina de um hospital, o PEP substitui o que antes era o prontuário de papel. Por exemplo, ele põe fim na circulação das fichas e não há mais risco de atrasos por conta do processo de leva e traz de documentos e as informações ficam muito mais seguras quando armazenadas num único local, já que também precisa atender à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O PEP conta com validade legal aos documentos médicos, por exemplo, prescrições e laudos de exames. Isso se dá através do certificado digital, que permite que os profissionais de saúde tenham uma assinatura eletrônica.
A LGPD tem o objetivo de proteger os dados dos cidadãos, garantindo sua privacidade no meio digital. Ela determina parâmetros sobre a obtenção de consentimento, as condições de armazenamento e acesso às informações, a implementação de medidas de segurança de dados, além de ampliar o conceito de dados sensíveis.
Ainda, a LGPD concede maiores direitos aos proprietários dos dados. Desse modo, os pacientes que compartilham suas informações médicas com o estabelecimento de saúde podem, a qualquer momento: verificar os dados armazenados, tornar anônimas informações que revelem sua identidade, revogar o consentimento de utilização dos dados, ter acesso ao contato e à identificação do controlador dos dados.
O PEP é um marco no atendimento ao paciente e no gerenciamento hospitalar. São inúmeros benefícios não só ao corpo clínico, mas também ao paciente, pois ele pode ficar engajado e com consciência dos procedimentos e em sua saúde. Em suma, ele pode ter visibilidade em sua “jornada do paciente”.
Vamos a um exemplo na prática. É muito comum existirem diferentes especialidades envolvidas num mesmo atendimento e diagnóstico. Imagine um paciente que está fazendo tratamento na oncologia e tem uma ressonância ou tomografia feita há uma semana. No pronto atendimento, o paciente se queixa de dores abdominais. O médico plantonista pode acessar o PEP e imediatamente perceber que ele faz tratamento oncológico, acessar os exames, facilitando a anamnese.
As anotações desse atendimento do plantonista também serão armazenadas no prontuário eletrônico. Não é difícil perceber que esse acúmulo de dados fica bem organizado e serve para influenciar as decisões dos médicos de forma muito mais produtiva e rápida.
Quem sabe, em um futuro próximo, cada cidadão tenha um prontuário eletrônico único e disponível ao paciente e as instituições de saúde.
PEP e dispositivos móveis
Muitas instituições de saúde já iniciaram o processo de implantação da certificação HIMSS e do PEP, porém é preciso dar maior visibilidade em tempo real a quem de fato precisa, como enfermeiros, médicos e farmácia, por exemplo.
Não adianta tudo digitalizado se a informação não circula ou não está disponível no momento certo. O que adianta ter o prontuário eletrônico no terminal na central de enfermagem, se é à beira-leito, na coleta de sangue ou na administração de um medicamento que a(o) enfermeira(o) precisa visualizar?
É preciso adicionar mais mobilidade e tecnologia aos processos, tornando-os ainda mais automatizados de forma a auxiliar médicos e profissionais da saúde em eficiência e assertividade.
Mobilidade Clínica
Já falamos em nosso blog que a chave para as organizações de saúde se adaptarem à nova realidade é Mobilidade Clínica.
Mobilidade Clínica é o uso de dispositivos móveis (tais como coletores de dados ou computadores móveis portáteis, tablets, impressoras térmicas portáteis, impressoras de pulseiras e soluções vestíveis) por médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde no ponto de atendimento.
Além de ter um sistema habilitado com o PEP, é necessário que todo o processo de interação dos médicos e enfermeiras com os pacientes seja registrado de maneira eletrônica em tempo real e com comunicação instantânea entre esses, e a melhor maneira de fazer isso é através de dispositivos móveis.
Mais do que ser simplesmente uma ferramenta de coleta das informações, os dispositivos móveis permitem que os dados sejam consultados e atualizados à beira-leito ou ponto de atendimento, um benefício enorme para os hospitais e pacientes, pois minimiza chances de entrada e acesso de dados errados.
Veja abaixo 7 motivos para o uso de dispositivos móveis, como coletores de dados, nos processos à beira-leito.
Quando implementados corretamente, esses dispositivos podem funcionar como uma ferramenta de comunicações por dados e voz segura, um portal de informações valiosas e uma linha de comunicação essencial para a equipe do hospital no gerenciamento de alarmes e alertas. A mobilidade clínica também está ajudando a melhorar a eficiência do fluxo de trabalho e a colaboração entre equipes, o que se traduz em melhorias drásticas no cuidado com o paciente.
Integração dos dispositivos móveis
Na hora de integrar dispositivos móveis ao fluxo de trabalho do seu hospital, ter uma estratégia de mobilidade que abrange toda a empresa é essencial para evitar o uso não verificado e oneroso de dispositivos móveis e diversos problemas para sua organização.
É necessário um entendimento completo das necessidades de comunicação dos grupos de funcionários, mapear os processos, pesquisar as tecnologias e a infraestrutura existentes e explorar todas as opções viáveis, a organização de saúde poderá desenvolver uma visão clara da implementação móvel e um plano eficiente para gerenciar uma migração bem-sucedida.
Como sugestão, deixaremos aqui um caminho para a criação de uma estratégia móvel para sua organização de saúde. Começa com as cinco etapas fundamentais que vão ajudar na criação de uma estratégia de mobilidade mais colaborativa e eficaz.
O que se deve pensar na escolha de um dispositivo móvel?
Após o planejamento de sua estratégia de mobilidade clínica, o próximo passo é a definição de quais serão os dispositivos móveis a serem adotados em seus processos. A seguir, seguem alguns pontos importantes a considerar na hora de se fazer a escolha:
Controle de infecção e robustez
Os dispositivos móveis devem tolerar desinfecção constante. Precisa ter vedação IP (índice de proteção) adequada para evitar que produtos de limpeza químicos entrem no dispositivo, danificando componentes eletrônicos sensíveis, resultando em falhas e inatividade do dispositivo. Além disso, a parte plástica exterior deve ser capaz de resistir a produtos químicos agressivos.
Outro ponto importante é a resistência a impactos, ou seja, tolerância a quedas em relação a distância e o máximo número de tombos.
Integração com tecnologia
BARCODE
Os dispositivos móveis hospitalares devem oferecer leitura de código de barras de alto desempenho, com mecanismos de varredura dedicados e que possam capturar praticamente qualquer código de barras em qualquer condição — 1D ou 2D, independentemente de estar danificado, riscado, sujo ou mal impresso.
RFID
O uso da tecnologia RFID, já é realidade em operações de saúde. Ela permite que a equipe médica e os funcionários administrativos gastem menos tempo localizando equipamentos e suprimentos e mais tempo no cuidado aos seus pacientes. A tecnologia também pode ser usada para inventário e minimizando perdas, melhorando os indicadores de desempenho de custos. Também, pode ser usada no rastreamento de amostras e de medicamentos, identificação de pacientes e cuidados no beira-leito, reduzindo a incidência de erros e a vulnerabilidade em casos de emergência.
Existem leitores ou portais de leitura RFID fixos, mas para mobilidade o SLED transforma o coletor de dados em uma “pistola” para facilitar a leitura das tags RFID colocadas nas amostras, medicamentos, ativos, etc.
COLABORAÇÃO
Texto e Voz
Os dispositivos móveis ajudam os profissionais de saúde a se comunicarem e colaborarem em tempo real para reduzir erros e maximizar o tempo de qualidade com os pacientes.
Mantenha conectividade para uma constante comunicação, além de uma colaboração eficaz e rápida. Ao se adotar computadores móveis e aplicações seguras de comunicação profissional, é garantida a confiabilidade na troca instantânea de mensagens importantes por texto, voz e dados entre médicos, enfermeiros e técnicos de saúde. Com um link direto para os prontuários dos pacientes, os enfermeiros podem resolver os problemas com rapidez à beira-leito.
Segurança dos dados
O dispositivo móvel deve ter criptografia de dados e permissões de aplicativos e impede o acesso de usuários não autorizados, atendendo a LGPD.
Confiabilidade
Se um dispositivo móvel em ambiente industrial ou corporativo é essencial para uma operação contínua, imagine em ambiente hospitalar. Os dispositivos não só têm baterias de alta capacidade capaz de alimentar todos os recursos do dispositivo para um turno completo, mas também baterias removíveis – uma nova bateria totalmente carregada pode ser inserida em um dispositivo no início de cada turno. Isso significa que a equipe está devidamente equipada 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Manutenção
Por mais confiável seu dispositivo móvel, é um equipamento com tempo de vida útil e suscetível a desgastes, mau uso etc. Sendo assim, por ser um processo crítico, tenha em mente os benefícios de se investir em um contrato de serviços de manutenção.
Não recorra a um reparo ou solução na hora que acontece o problema, pois é certo que terá um custo maior que um investimento planejado e viabilizado com um contrato de serviços sob demanda. Com um contrato de manutenção, não há surpresas na indisponibilidade de peças de reposição, disponibilidade de suporte técnico, atualizações de firmware e patches de segurança, possibilidade de backups, assim como devolução do equipamento já pronto para a operação.
A digitalização dos processos é necessidade urgente das instituições de saúde. Certificação HIMSS, prontuário eletrônico e mobilidade clínica estão cada vez mais presentes nos projetos de hospitais, clínicas e laboratórios. O planejamento prévio é necessário para a integração dos dispositivos móveis aos processos, assim como ter em mente alguns fatores para a definição dos dispositivos mais viáveis à operação dos profissionais de saúde.
Já existem hospitais no Brasil trabalhando com o PEP e dispositivos móveis à beira-leito, o que mostra que logo mais isso deixará de ser uma tendência para se tornar um padrão.
E aí, sua instituição de saúde já tem o PEP, mas enfermeiros precisam se deslocar a um terminal? Seu corpo clínico reclama que não tem visibilidade em tempo real das informações? Existe problema de comunicação entre médicos e enfermeiros?
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